domingo, 25 de novembro de 2007

Agência Unama

Livro aborda história sobre Jhonny Yguison

"Ei menino, quer um presente de Natal? Se o senhor quiser dá tio...”. O presente foi um tiro, dado no dia 20 de novembro de 2002 pelo ex-policial militar Darlan Carlos Silva Barros a Jhonny Yguison Miranda da Silva, no dia 20 de novembro de 2002, quando ele tinha 12 anos de idade. Atualmente com 18 anos, ele é paraplégico, não tem um dos rins e nem o baço. Esta semana, ao completar seis anos do crime, o livro que narra toda a história do rapaz “O Flanelinha - sinal vermelho para Jhonny Yguison” foi apresentado à imprensa pelo seu autor, o advogado Walmir Moura Brelaz. O livro será vendido nas livrarias de Belém, pelo preço de R$ 20,00 e o dinheiro será doado a Jhonny Yguison.
A publicação é vista pelo autor como um instrumento de denúncias de vários problemas sociais do Brasil. O advogado dedicou um capítulo especial para o problema da exploração da mão-de-obra infantil, que, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e de Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará possui cerca de 200 mil crianças e adolescentes trabalhando nas ruas. “A idéia do livro é lançá-lo nas escolas, universidades e todos os espaços onde seja possível fazer a denúncia dos crimes que afetam os direitos da criança e do adolescente e dos direitos humanos”, diz o advogado.
O autor deu um espaço também para o papel da imprensa, que por conta dos veículos de comunicação houve uma pressão ao papel do poder público. Garantiu também várias páginas ao que rege o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para deixar o leitor mais informado sobre a garantia dos direitos da criança e do adolescente, como direito à vida, à educação, à saúde, ao lazer e à boa convivência familiar.
E as dificuldades permaneceramPassados seis anos, o rapaz sofre com as conseqüências de estar na rua trabalhando como flanelinha em uma das esquinas de Belém, apesar de ter conseguido na Justiça do Estado atendimento médico e uma pensão de R$ 900,00.
Segundo Jhonny Yguison, a pensão é paga regularmente, mas o atendimento médico não. Ele diz que foi garantido pela justiça enfermeiro para fazer curativos nos ferimentos que até hoje existem, mas o serviço é precário. “Desde 2002 passaram sete técnicos de enfermagem e três enfermeiros. O atual, levou seis meses para aparecer e há três meses que não vem. Eles alegam falta de pagamento do Governo do Estado”, denuncia o rapaz.
Os pais da vítima ficam revoltados, porque eles exigem que a decisão judicial seja cumprida. “Eles falam como se a gente exigisse, mas o que a gente quer é que a decisão da Justiça seja cumprida”, comenta o pai de Yguison, Francisco Assis da Silva.
Ele diz lamentar o que aconteceu com o filho e saber que o acusam pelo fato do menino estar trabalhando na rua. “Eu estava desempregado, ele ia contra a minha vontade. Vai dizer isso para alguém que não tem o dar de comer aos filhos. A culpa é dos governantes, que não dão condições aos pais para fazer com que seus filhos permaneçam na escola”, desabafa.
A revolta maior da família é que enquanto Jhonny Yguison está na cadeira de rodas, Darlan Carlos está livre e residindo na Cidade Nova. Há informações, segundo seu Francisco, que ele é micro empresário, mantendo uma empresa de segurança. Para aumentar mais ainda a indignação da família, o juiz responsável pelo caso, Ronaldo Vale, que inicialmente caracterizou o crime como tentativa de homicídio, este ano passou a caracterizá-lo como crime de lesão grave, sujeito à penalidade mais leve que tentativa de homicídio


Reportagem: Edna Nunes
AGÊNCIA UNAMA


Nenhum comentário: